O que a mãe manda, o filho obedece!

Na semana passada eu estava confabulando com meu irmão sobre um presente criativo para dar para nossa mãe…
(Sim, somos desses filhos que inventam presentes mirabolantes, desde um dia no interior de SP com direito à passeio de trem e comidas típicas, até contratar um chef profissional para cozinhar e ensinar técnicas requintadas na nossa própria casa.)

Domingo que vem eu já vou acordar pensando em qual foto vou postar nas redes sociais e na mensagem que vou escrever pra ela…
(Sim, sou dessas filhas que acha que o mais importante do presente é o cartão, com aquelas palavras que tentam dizer muito, não dizem quase nada, mas provocam aquela lágrima que você vê que ela entendeu tudo mesmo sem você precisar dizer.)

Ontem eu estava pensando no tema desse post e nada mais justo do que relacionar ele com essa data tão importante, que independente de seus objetivos meramente comerciais, não há dúvidas que serve para gerar momentos maravilhosos com (ou lembrando de) a pessoa mais importante de nossas vidas…
(Não, esse não é mais um texto para falar do quanto nossas mães são únicas e especiais, apesar de eu achar muito válido, esse não é o tema do blog, então deixo esse papel para as propagandas da TV e vou guardar a minha inspiração para o meu post de domingo nas redes sociais.)

Hoje eu estava imaginando sobre o que especificamente eu falaria pra vocês e lembrei de um episódio com um coachee meu que tem tudo a ver com esse tema e ainda deixa uma brecha para eu ensinar mais uma ferramenta que pode mudar a sua vida, já que mudou totalmente a dele e a minha.

Essa história é sobre o medo.
E de medo as nossas mães manjam tudo.

Imagina a quantidade de medos que devem surgir quando descobrimos que existe um serzinho crescendo dentro de nós e que ele vai depender de nós pro resto da vida.

Imagina a quantidade de medos que nós já não tivemos e elas nos ajudaram a superar (escuro, bicho papão, ir para a escolinha, andar de bicicleta sem rodinha, etc).

Imagina a quantidade de medos que elas não tiveram que colocar em nós por uma questão de segurança e sobrevivência (pôr o dedo na tomada pode matar, se andar sozinho na rua o homem do saco pode te pegar e se não se comportar o Papai Noel pode não te dar presentes).

Mas, infelizmente, o medo do meu cliente não era um medo assim bobo e não foi colocado nele de propósito pela mãe.
Muito pelo contrário.

Para esse post ter ainda mais a cara dessa data e ficar menos tenso, eu vou contar essa história como nossas mães costumavam fazer quando liam para nós na cama antes de dormir.

Era uma vez uma sessão de coaching…
Nessa bela sessão estava um coachee preso por anos e anos no castelo da zona de conforto enfeitiçado pela maldição da bruxa má de ficar para sempre refém de seus medos e ser infeliz para sempre.
Mas de repente surge uma coach heroína em seu cavalo de conhecimentos portando todas as suas armas do coaching para libertá-lo das correntes das crenças limitantes e salvá-lo do profundo calabouço do insucesso.

A coach destemida olha nos olhos do coachee e pergunta:
– Estou aqui para te salvar! Como eu posso te ajudar?
O coachee desolado desvia o olhar e diz:
– Eu não sei! Eu preciso fazer as coisas, eu quero fazer as coisas, eu sei como fazer as coisas, mas eu simplesmente não faço! É mais forte do que eu!
Intrigada a coach indaga:
– Mas o que são essas coisas, querido coachee?
Envergonhado o coachee responde:
– Tudo… Eu procrastino toda e qualquer atividade. Desde sempre. Eu faço planos, mas dia após dia, eu não consigo cumpri-los. Todos os dias eu só quero ficar no meu quarto vendo TV.
– E o que tudo isso está causando? – Questiona a coach curiosa.
– Eu não consigo alavancar a minha carreira, que é autônoma, estou sem dinheiro, sem motivação, sem esperança. – Confessa ele.
– Entendo. Eu trouxe aqui uma poção mágica muito diferente que vai te libertar desse feitiço, mas eu preciso que você confie em mim, tudo bem? – Pede ela.
– Claro! Eu confio em você! – Responde ele já mais animado.

– Então vamos lá. Por favor, feche os olhos, descruze as pernas, relaxe o seu corpo e se veja num dia normal na sua casa. Me conte como é esse dia, o que você faz, como faz, como é o ambiente, como se você estivesse lá.
Ele fecha os olhos, se alonga um pouco e começa a contar:
– Eu acordei. Estou na cama me espreguiçando. Eu levanto, abro a janela e vou para o banheiro escovar os dentes. Troco de roupa, vou até a cozinha e tomo um copo de leite com chocolate. Minha mãe já foi trabalhar. Saio da cozinha e…
Ele pára e respira.
– Eu deveria ir para o escritório da minha casa e começar a trabalhar, mas eu penso por um momento na porta dele e volto para o quarto. Ligo a televisão bem alta. Sento na cama. Fico mudando de canal até achar alguma coisa. Assisto um programa por algum tempo. Logo eu já me deito. Encontro outro programa. Assisto por mais um tempo. Me cubro com o lençol. E assim eu fico a manhã toda.
Com uma voz suave, a coach continua o guiando.
– Você fica lá na cama vendo TV e quando você se levanta?
– Muitas horas depois, quando estou com fome, vou até a cozinha e requento o resto do jantar no micro-ondas. Como na cozinha mexendo no celular. Quando eu acabo eu novamente vou até o escritório, hesito por um momento, mas entro. Ligo o computador, abro os e-mails e leio um a um. Pago algumas contas pela internet. Checo o extrato bancário. Já fico preocupado. Olho a minha agenda e vejo que preciso fazer algumas divulgações nas redes sociais, perguntar se alguns interessados vão querer fechar negócio por email, ligar para alguns clientes. Novamente ele pára e respira.
– Nesse momento já estou ansioso. Eu não tenho vontade de fazer nada disso. Decido ir ver mais um pouco de TV para relaxar antes de fazer as ligações. E assim acabo ficando a tarde inteira. Tem dias que consigo ligar para algumas pessoas, mandar alguns e-mails, mas ainda falta muito.
– E depois o que você faz?
– Logo minha mãe chega em casa, ajudo ela com algumas coisas, vemos as novelas juntos, fazemos o jantar, assisto algumas séries e depois vamos dormir.
– E o que você assiste na televisão durante o dia todo?
– Qualquer coisa. Filmes, programas de culinária, outros programas em geral.

A coach pede que ele abra os olhos quando estiver preparado e respire fundo. Ela recapitula tudo que foi dito e ele confirma com a cabeça.
– Legal, então agora quero que você feche os olhos novamente e volte para aquele momento em que você disse que fica nervoso por ter um monte de coisas para fazer e me descreva com mais detalhes.
– Ok. Eu estou no escritório, sentado na cadeira em frente à mesa com computador. Do meu lado eu tenho minha lista de tarefas.
– E como é essa sensação de ansiedade que você diz? Como você se sente fisicamente?
– Ah, minha cabeça fica a mil, pensando em tudo que tenho pra fazer. Eu começo a suar um pouco, meu coração acelera, eu até tremo um pouco às vezes. Ligar a TV com volume alto me faz desconcentrar dos problemas da minha cabeça e prestar atenção no que está passando. Aí eu relaxo.
– E qual é a sensação mais forte? Escaneie o seu corpo e diga o que mais domina? Suor, coração, tremedeira.
– Com certeza meu coração acelerado, aquela palpitação.

Eles conversam mais um pouco sobre isso e a coach pede que abra os olhos. Novamente resumem tudo que foi dito em detalhes e recomeçam a visualização.
– Agora eu quero que de olhos fechados, você busque na sua memória outros episódios na sua vida em que você sentiu essa mesma sensação que me descreveu. Tome seu tempo, apenas vá lembrando.
Ele respira fundo, pensa alguns segundos e diz.
– Quando eu levava trabalho pra casa da outra empresa que trabalhava. Acontecia do mesmo jeito.
– Hum, e qual outro episódio? Tente ir mais para o passado.
Alguns segundos depois.
– Quando eu tinha que estudar pro vestibular.
– Entendi. Agora tente ir para a sua infância ou para as primeiras vezes que você sentiu essa sensação.
Mais alguns segundos e a expressão facial dele começar a mudar. Ele lambe os lábios, engole em seco, respira fundo. Ensaia para falar, mas pára. Respira mais algumas vezes e solta:
– Quando eu era criança e meu pai chegava em casa bêbado e espancava minha mãe e eu também de vez em quando.

A coach vê a complexidade da situação e tenta acalmá-lo.
– Calma, respira fundo. Isso já é passado. Sua mãe e você estão bem agora. Você quer continuar?
Ele diz que sim, já com algumas lágrimas escorrendo.
– Quantos anos você tinha? Nesse momento onde você estava? O que você fazia? Tente recriar a cena na sua mente.
– Eu tinha uns 10 anos. Estava fazendo lição de casa no escritório depois do futebol. Minha mãe estava na cozinha. Meu pai chegou e foi para cozinha. Pouco tempo depois já começou a gritar. Minha mãe grita de volta. Eu páro de fazer a lição e fico na porta do escritório ouvindo. Escuto muitos barulhos de alguém batendo na mesa, louça quebrando.
Mais lágrimas rolam por sua face.
– Escuto meu pai xingando minha mãe dos piores palavrões. Ouço os tapas e os gritos da minha mãe. Saio de fininho do escritório cuja porta dava pra ver da cozinha e corro para meu quarto para que ele não me veja. Minha mãe sempre berrava alto para eu fugir pro quarto. Então eu fazia isso sempre. Tranco a porta, deito na cama, tampo os ouvidos e ligo a televisão bem alto.
Nesse momento parece que uma ficha cai dentro dele. Ele pára e diz.
– Nossa, é isso que eu faço até hoje de certa forma. Uau.

A coach pede para ele abrir os olhos e tomar o tempo que fosse necessário para se recompor.
Depois de alguns minutos, um copo de água, ele está pronto para prosseguir.
– Agora, volte para o dia mais recente que você descreveu, se coloque novamente naquela cena. Reconstrua todo o cenário um pouco antes da sensação.
– Eu estou lendo minhas anotações todas e pensando por onde começar. Está escrito que eu tenho que ligar para o cliente x, pro y e para o z para cobrar um retorno. Tenho que escrever um texto para divulgação. Tenho que responder os e-mails de alguns cobradores. Nossa, estou até começando a sentir agora a palpitação.
– Então me descreva como é essa sensação. Se você puder associar com um objeto, uma forma.
– Parece que meu coração tem um gongo em cima, que bateram nele e agora ele está vibrando, tremendo, fazendo aquele barulhão e não pára.
– E que cor é esse gongo?
– Dourado.
– E qual o tamanho?
– Do tamanho de um coração mesmo.
– Então imagina esse gongo aí no seu coração, dourado, tremendo. Agora eu gostaria que você tentasse manipular esse gongo com a sua mente. Você consegue fazer esse gongo mudar de cor?
– Ok. Transformei ele em branco.
– Você consegue fazer ele diminuir? Diminuir…diminuir…
– Sim, agora ele está pequenininho, do tamanho de uma unha.
– E o material dele, a textura, você consegue mudar?
– Hum, posso deixar ele de plástico, que não vibra. Tipo um botão branco
– E agora, como está a sensação de palpitação?
– Nossa, bem menor mesmo, quase passando.
– E você consegue visualizar esse botão saindo do seu corpo de alguma forma?
– Consigo. Ele saiu pela minha boca.
– E você quer fazer o que com ele agora?
– Quero jogar bem longe.
– Ok, então joga.
– Joguei.
– Como está a sensação agora?
– Quase não existe.

Ele abre os olhos de novo e sintetiza tudo que aconteceu.
– Legal, agora eu quero que você volte para aquele mesmo momento e se imagine sem a sensação de palpitação. O que você faria?
– Ok, eu estou lá sentado. Leio a lista, penso em como vou fazer tudo aquilo. Pego uma caneta e coloco ordem de prioridade em cada uma das coisas. Primeiro é ligar para os clientes para ver se vão fechar e planejar como responder para os cobradores baseado nisso. Depois é fazer a divulgação.
– Ótimo, então se imagina ligando para o primeiro cliente.
– Ok. Liguei, estou falando, ele diz que só vai fechar na semana que vem.
– E você como está?
– Tudo bem. Semana que vem eu retorno.
– E o que mais você vai fazer agora?
– Tudo que está na lista.

– Excelente. Vamos abrir os olhos novamente. Você conseguiu realmente se visualizar fazendo tudo que precisa?
– Sim.
– E você realmente acredita que você vai fazer?
– Acho que vou sim.
– E se a ansiedade aparecer, o que você vai fazer?
– Vou fechar os olhos, respirar fundo, transformar o gongo num botão e jogar bem longe.

E ele jogou.
Alguns montinhos de botões arremessados depois, ele estava contente com a sua produtividade, sem dívidas e muito ambicioso e esperançoso.
Falou com sua mãe sobre tudo isso, o que desencadeou uma conversa muito profunda e curadora para ambos já que pela primeira vez na vida falaram sobre esse assunto.

Para quem ficou curioso e odeia filme sem final como eu:
Quando ele tinha 15 anos o pai conheceu outra mulher e saiu de casa. Apesar de levar muitas coisas da casa, sua mãe logo arranjou um emprego na loja de uma conhecida onde trabalha até hoje e consegue se sustentar.

(PS. O protagonista dessa história permitiu a divulgação sem dizer o nome dele e aprovou cada palavra desse texto antes de ser publicado. Ele agradeceu muito e espera que inspire outras pessoas de alguma forma.)

Mais uma vez o bem venceu o mal.
Ou melhor, a coragem venceu o medo!

O medo é um sentimento que sempre se expressa em forma de sensação.
Se conseguirmos perceber essa manifestação e controlar a sensação física, boa parte do medo já se vai.
É isso que fazemos ao alongar o pescoço antes de começar numa reunião importante, ou ao chacoalhar os ombros antes de entrar num palco, ou ao respirar fundo antes de entrar numa montanha russa.
É isso que faz a meditação, a massagem e o colo de mãe.
Controlar a sensação física para controlar o medo.
Você não reflete racionalmente sobre o assunto enquanto medita, você não bate um papo cabeça com o massagista sobre seu problema e sua mãe não te prova por a mais b que o seu medo é bobo.
Você simplesmente controla sua mente, ameniza a sensação física e o medo se vai, ou pelo menos, não te paralisa.

O que a mãe manda, o filho obedece.
Ou seja, o que a mente manda, o corpo obedece.

E você? Do que você tem medo?
Como esses medos estão te impedindo de ser plenamente feliz?
O que você precisa fazer, quer fazer, sabe como fazer, mas não faz?
O que a sua mente têm mandado você fazer, ou não fazer?

Não precisa ser nada tão pesado.
Eu por exemplo tinha “medo” de vender meus serviços.
Aprendi essa técnica num curso e hoje sou muito bem sucedida e feliz com isso.

Que tal tentar essa técnica?
Visualize a cena, materialize a sua sensação, manipule ela, transforme em outra coisa, tire ela de você e jogue longe.

E que tal também sempre se lembrar:
Coragem não é ausência de medo, é o triunfo sobre ele.
Uma pessoa corajosa não é quem age sem medo, é quem age apesar do medo.

A sua felicidade está logo ali depois do medo!

Fica aqui minha homenagem indireta a todas as mães!
Os seres mais corajosos desse mundo!

Feliz Dia das Mães!


Um comentário sobre “O que a mãe manda, o filho obedece!

Deixe um comentário